sexta-feira, fevereiro 02, 2007

REGINA PACIS





Caros Leitores.
Passando pela Av. Minas Gerais, defronte a UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos, em uma tarde de 6ª feira, ali pelas 17:00 horas, pudemos observar um grande movimento de moças e rapazes, carros de todos os modelos, sons em vários volumes, rodinhas de estudantes que após uma jornada de uma semana árdua de estudos, começavam a se reunir nas imediações da Universidade para aquele bate papo amigo com os demais estudantes, estudantes estes de cursos diversos.
Notamos também que no meio fio da calçada fronteiriça à sede, várias carretinhas, barzinhos improvisados, uns para pasteis, outros para espetinhos, outros para sanduíches, outros para hambúrgueres, outros para refrigerantes, outros para salgados em geral, e todos, mas todos mesmos, lotados de jovens com seus petiscos nas mãos a se deliciarem e começarem à tarde noite de conversas agradáveis e paqueras promissoras.
O estacionamento de veículos estava lotado. Carros com placas de todos os locais, o que vem provar que nossa Araguari já não é uma cidade provinciana, mas sim, um centro estudantil com jovens em busca do saber de todos os quatro cantos do Brasil.
Sinceramente, calculei ali pelo horário, uns dois mil estudantes, mas este número aumentou mais tarde, já à noite, quando retornamos do local em que fôramos.
Como não poderia deixar de ser, demos em nosso pensamento, aquele passeio pelo tempo e pelo espaço. Fomos parar em 1953, quando tínhamos nossos 11 anos de idade, e estávamos iniciando nosso curso ginasial justamente ali, naquele local, onde foi criado o maior estabelecimento de ensino do interior do Brasil, Colégio Regina Pacis, de propriedade da Congregação dos Padres dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
Voltamos no tempo, lembrando o término do Curso Primário, feito no Externato Santa Terezinha, também de propriedade da Congregação e sob a administração da professora Maria Abud. Havíamos estudado com dona Neusa Gonçalves Cascão, com Dorinha de Jesus, com Tereza Miranda, com Anita e Ilsa Nader. Foi um belo curso primário. Ficamos marcados, assim como várias gerações, pelas aulas de religião de eram a nós ministradas de formas trágicas, dramáticas e até representativas teatralmente.
Mas voltemos ao Regina Pacis de 1953.
Avenida larga, posteação de iluminação no meio da mesma, desnível total de pistas, estando uma mais alta que a outra. A medida que a patrola da Prefeitura passava para nivelá-las, sem a colocação de cascalho ou outro tipo de base, elas iam afundando e os postes de iluminação ficavam ilhados em altos morros, tornando pitoresco o fato. Mas afinal, não importava, o que importava era que o acesso para o Colégio tornava-se possível e lá íamos nós.
Lembremos aqui alguns detalhes da criação deste estabelecimento de ensino.
O Colégio Regina Pacis, este monumental prédio que abriga a UNIPAC, foi instalado em 18 de maio de 1926, pelos Padres dos Sagrados Corações, vindos da Holanda. Foram os pioneiros no ensino para rapazes. Os fundadores foram os padres Ivan den Bogaart, e, Padre Matias van Rooy. Além dos padres, foi pioneiro no ensino da Língua Portuguesa no Regina, o Professor Patrocínio Valverde de Morais, falecido atropelado em sua bicicleta, quando passeava com os filhos, na recém aberta BR-050, logo no início da súbita que leva ao Posto da Polícia Federal. Isto na dedada de 60.
No dia 18 de agosto de 1928, tendo logrado êxito a criação do Colégio, deu-se início a construção do patrimônio, com o lançamento em grande solenidade a Pedra Fundamental da escola.
Em 1936, formou-se a primeira turma do Curso Ginasial. A mesma turma em 1939, formou-se no Curso Científico.
Para a alegria de todos os alunos e do povo de Araguari, em 1941, foi criada a Banda Marcial do Colégio Regina Pacis.
Em 1942, formou-se a gloriosa turma da qual fazia parte o professor Abdala Mameri. Até pouco tempo, um dos vitrais da velha capela, ostentava o mesmo lembrando a turma.
Estourou a 2ª Guerra Mundial, e, com isso, para facilidade dos pais da região e para a alegria da juventude que não iria perder anos de estudos com a guerra, o Colégio Regina Pacis, transformou-se em internato, o que veio a proporcionar os estudos sem interrupção à juventude. Jovens de fora afluíam na cidade, assim como acontece hoje, em outra escala, é lógico, evidente.
A falta de água para dar assistência aos alunos, tantos internos como externos, fez com que, o exemplo dado pelo Colégio Sagrado Coração de Jesus e Maria, de propriedade das freiras vindas da Bélgica, ou seja, pioneiras em perfurações de poços artesianos em Araguari, resolvendo o problemas delas, que também era o de abrigar em internato e externato as moças de Araguari e região, resolvessem já o atual drama da falta de água.
Em 1946, perfurou-se o segundo poço semi artesiano de Araguari. Estava assim sanado o abastecimento de água destes dois estabelecimentos de ensino que colocaram Araguari no cenário estudantil deste imenso Brasil.
Assim surgiu o Serviço de Águas e Esgoto de Araguari, explorado pela Prefeitura Municipal de Araguari, mas isto é história para outro Ponto de Vista.
Os destemidos Padres, dirigiram e formaram uma gama imensa de homens que se distinguiram por este Brasil a fora, inclusive no exterior, pois em seus bancos escolares, grandes celebridades passaram.
Em 1972, os Padres dos Sagrados Corações, fizeram a doação completa do Colégio Regina Pacis com todas as suas dependências e equipamentos para a FUME – Fundação Municipal de Ensino (que de Municipal só tinha o nome), sendo posteriormente denominada FUNEC – Fundação Educacional e Cultural de Araguari, entidade mantenedora da FAFI – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari, faculdade esta que dotou todas as normalistas de então, aptas a realizarem os Cursos de Especializações. Foi o que fizeram, hoje estando grande parte delas aposentadas, mas outras ainda exercem os cargos de ensino que dotam a juventude de saber.
Quando da FUNEC, Fundação Educacional e Cultural de Araguari, tivemos a honra de exercermos o cargo de Vice Presidente, juntamente com o Dr. Nílvio de Oliveira Batista, de 1986 a 1989. Neste ínterim, por afastamento do Presidente, exercemos a mesma até o final do mandato.


Em 2002, a UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos, assumiu a direção e administração de todo o patrimônio instalando em Araguari um de seus “Campus Universitário”.
Hoje, em 2007, o sucesso alcançado pela UNIPAC, a perfeição de seus cursos, a seriedade de ensino, o dinamismo de sua direção, ampliaram de forma significativa a parte física do estabelecimento, já possuindo em seus quadros de alunos cerca de 4.500 jovens, rapazes e moças que mudaram o cenário de Araguari.
Lembremo-nos que com a vinda deles para cá, proporcionada pela UNIPAC, agilizou o comércio em geral. Lojas se instalaram, restaurantes ampliaram suas instalações além de criarem mais recintos pela cidade. Construções surgem por todo lado com a finalidade de abrigar, hospedar esta rapaziada que é o futuro do Brasil de amanhã.
Façamos jus aos abnegados padres desbravadores e grandes idealistas que dotaram nossa terá de cultura, além de manter as tradições da Igreja Católica. Lembremo-nos de Padre Tiago Veyen; Padre Maximiliano Muris; Padre Mario Donatti; padre Alberto Arts; Padre Suitiberto; Padre Mansueto, Padre Otto (o que pintou as colunas da capela); padre Gil; padre Feliciano, padre Florêncio; padre Francisco Luiz de Rezende (padre Chico); padre Arnulfo e de outros de saudosa memória que nos fogem à mente no momento.
Hoje, sob a administração do Dr. Jorge Elias T. Bedran, Superintendente da UNIPAC – Campus Araguari, pessoa de altíssima formação moral e intelectual, Araguari se movimenta com os estudantes de várias plagas que aqui aportam em busca do saber. Vários cursos são ministrados, inclusive devidamente credenciado, o de MEDICINA, com um corpo docente altamente especializado para dotar os estudantes de conhecimentos que amanhã irão salvar vidas.
UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos, Patrimônio Cultural de nossa cidade. Orgulho dos cidadãos.
Mas voltando ali ao Regina Pacis, só para cohecimento de quem não sabe da história, todo o Jardim Regina fazia parte do patrimônio do Colégio. Inclusive, era o local em que se encontravam os onze campos de futebol, tamanho oficial, em que os alunos, tanto internos, como externos, disputavam campeonatos futebolísticos que abrangiam times da cidade.
Na praça onde se encontra a Matriz de São José Operário, Rainha da Paz existia um cemitério exclusivo dos padres holandeses, aqui sepultados pelo fato da dificuldade do traslado dos restos mortais para a Holanda. Hoje, os restos mortais que se encontravam nele, foram transferidos para o Cemitério Bom Jesus.
Já pensaram, caros Leitores, se tudo isto fizesse parte da UNIPAC ? O que seria este “Campus Universitário”?
Mas voltemos lá em 1953, quando passávamos na porta do então Regina Pacis e viajamos no tempo. Temos ou não motivos para tanto saudosismo? Fica a critério de vocês, caros Leitores. Façam o julgamento. Tirem suas conclusões.
Quanto a nós, ficamos no Regina Pácis até surgir o Colégio Estadual de Araguari. Fizemos o Admissão ao Ginásio, tendo como professoras dona Wanda Pieruccetti e Yolanda Ferreira Tomaz.
Posteriormente fomos para a Escola de Comércio Machado de Assim, onde fizemos o Curso Técnico de Contabilidade. Depois Uberlândia para fazer Direito, Pedagogia e por aí a fora.
Oferecemos este Ponto de Vista ao nosso filho, Julio Erbetta Neto, grande admirador da grande obra iniciada pelos padres holandeses e continuada por brasileiros idealistas.
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
*Advogado – Pedagogo – Jornalista MTb – 08519 JP

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de saber se o prédio do Colégio Regina Pacis foi construido com recursos que os padres dos SSCC trouxeram da Holanda!