sexta-feira, agosto 18, 2006

EXEMPLO DE VIDA


Caros Leitores.

Temos um amigo, daqueles cuja amizade se iniciou no ambiente de trabalho. Na extinta Cia. Prada de Eletricidade (como gostamos de relatar fatos que trazem este nome à tona). Já trabalhávamos nela, quando foi admitido este nosso novo amigo e então colega de trabalho.

Seu nome, Mário Ferreira da Silva Júnior.

Ele é daquelas pessoas fantásticas, que procura sempre com bom humor, e, com o pensamento elevado ao Criador, viver sua vida, criando sua família, se relacionando com os amigos e irmãos (de Ordem Maçônica), desfrutando sua aposentadoria conquistada através dos longos 35 anos de trabalho, tempo este adquirido na Cia. Prada e na CEMIG que a sucedeu. O seu primeiro e único emprego. Eletricitário.

Depois que deixamos as empresas que trabalhamos juntos, em 1976, tivemos a alegria e a honra de recebê-lo em nossa Loja Maçônica, a União Araguarina, tornando-nos assim, além de grandes amigos, irmãos Maçons.

Assim sendo, nosso relacionamento é muito grande, e ele, com seu bom humor de sempre, se acercou de nós semana passada dizendo: Peron, gostaria que você escrevesse sobre uma família famosa, antiga, do trabalho, muito grande, constituída por pessoas simples e que não são lembrados como merecem pela sociedade araguarina. Acreditamos ser até por displicência, disse ele. Trata-se da família do senhor José Baliana. Um barbeiro antigo em nossa cidade.

Respondemos a ele: ora Mário, é claro, lógico e evidente que faremos isto com o maior prazer, pois relatar fatos de pessoas, famílias araguarinas, nos proporcionam um bem interior muito grande. Poder divulgar através de nossas linhas o que fizeram e fazem por nós, por Araguari, é um privilégio. Levar aos nossos Leitores coisas boas, só nos traz realização e satisfação pessoal. Traga-nos alguns dados, detalhes da vida do senhor José Baliana que faremos um Ponto de Vista especial para ele e seus familiares.

Eis que o Mário, na semana seguinte, em reunião na nossa União Araguarina, entregou-nos um relato minucioso sobre o referido senhor e seus familiares. A forma com que ele discorreu sobre o assunto, foi tão singela, tão amiga, tão sincera, que não fomos capazes de alterar em nada o seu conteúdo, o que nos levou a transcreve-lo na íntegra. Hei-lo.

“Exemplo de vida – Um vencedor, José Baliana”.

No anos de 1925, nascia no município de Conquista, no Estado de Minas Gerais, José Baliana, filho de Pedro Baliana, que por sua vez, era filho de imigrantes italianos, e, Maria Guerra Baliana, italiana de nascimento, tendo chegado ao Brasil aos nove anos de idade.

O jovem José, teve uma vida simples junto aos pais na zona rural. Não teve a oportunidade de estudar devido aos tempos difíceis e o pouco poder aquisitivo da família.

Seu pai, o senhor Pedro, para sobreviver aprendeu a profissão de “Barbeiro” na zona rural, para complementar o orçamento do lar, pois trabalhava como lavrador, e nesse período, ensinou a profissão ao filho.

Com o passar dos anos, enfrentando a vida dura, tornou-se um rapaz e resolveu arriscar-se em outras plagas. Passou por algumas localidades e acabou chegando em Araguari.

Não se sabe se foi amor a primeira vista, ou pelos belos olhos de dona Maria Chiovatto, lá pelos idos de 1944, acabou ficando por aqui.

Passou então a exercer a profissão que o pai lhe ensinou. “Barbeiro”, instalando seu salão na Praça Juvenil Alves de Melo, ao lado do antigo “Bar 21”. Com sucesso na profissão, e, Araguari sendo na época uma cidade movimentada, em crescimento, convidou seus pais e irmãos, em número de 13 pessoas, para virem para cá.

Chamou para si a responsabilidade de cuidar da família enquanto necessitaram ou até se estabelecerem.

Depois de um namoro de cerca de um ano com a senhora Maria Chiovatto Baliana, se consorciaram em 1946.

Trouxe para sua casa, 4 irmãos da esposa que cuidou com todo o carinho.

Sua falta de estudos nunca foi obstáculo em sua vida. Era bom em matemática e isto muito o ajudou.

Ensinou a profissão de barbeiro para dois cunhados que se interessaram, e lhes facilitou o início na carreira, sendo que um deles sobrevive até hoje exercendo a profissão no Salão Paraná, situado na Travessa Fernão Dias.

Posteriormente, fez o mesmo com seus quatro filhos. Hoje, apenas seu filho Marco possui salão de cabeleireiro na referida praça (Juvenil Alves de Melo).

O casal José e Maria, tiveram 9 filhos, hoje todos casados. Até no momento são 21 netos e 13 bisnetos.

Seu trabalho, sua honestidade e participação, finalmente em 20/12/2005, lhe renderam o reconhecimento da comunidade araguarina, que o premiou com o título de “Cidadão Honorário”.

José foi um homem lutador, enfrentou as dificuldades de frente, nunca teve facilidades na vida. Viveu com dignidade e amor. Foi daqueles valentes, que dão realidade ao velho bordão: “a vida é dura para quem é mole”.

Depois de tantas lutas e vitórias, finalmente foi vencido pelo peso dos anos. Faleceu em 25 de maio de 2006, deixando muitas amizades e saudades.

São seus filhos: Antônio de Paula Baliano, José Afonso Baliana, Cláudio César Baliana, Marisa Baliana, Marco Antônio Baliana, sendo todos casados, pessoas dignas como seus pais.

Seu endereço comercial sempre foi na Praça Juvenil Alves de Melo, próximo ao “Bar 21”.

Os irmãos e cunhados, cuidados por ele, tem descendentes quase que incontáveis, e o engraçado é que por erro de cartórios na época, transformaram-se em “Bagliano, Baliana, Baliano” e outros derivados do da certidão de nascimento italiana.

“Foi-se o homem, ficou o exemplo”.

Assim caros Leitores, de uma forma simples, como dissemos no início, nosso amigo, colega e irmão Mário Ferreira, prestou sua homenagem, aliás muito justa à família Baliana, radicada em nossa cidade há longos e longos anos. Eles são pedras e concreto nos alicerces da Araguari de hoje. Nossa cidade muito a eles deve.

Família tradicional, família do trabalho, digna, honesta, exemplar, receba a homenagem feita pelo amigo de vocês de longa data, também de nossa parte, da coluna Ponto de Vista, do jornal Botija Parda, do povo araguarino que muito os admiram e respeitam.

Obrigado por viverem e lutarem por Araguari.

Era o que tínhamos.

Que Deus nos abençoe.

Um abraço.

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