Idos de 1947, Araguari carecia de abastecimento de água potável para sanar o problema existente. O então Prefeito, Dr. Elmiro Barbosa, arregaçou as mangas da camisa e deu início ao arrojado e necessário serviço de instalação da rede de água na cidade que se encontra em funcionamento até os dias atuais.
De vez em quando, vemos vazamentos de água no asfalto, defronte as casas residenciais e comerciais. Tudo se justifica pelo fato dos serviços de implantação das redes, terem sido iniciados em 26 de dezembro de 1947, ou seja, há 60 anos passados.
Os canos das penas de água, já estão enferrujados e corroídos. Assim sendo, repentinamente estoura uma pena de água. O precioso líquido passa a jorrar pela rua durante horas e às vezes até dias, aguardando o órgão encarregado vir substituir o encanamento de ferro que nem galvanizado era, por tubos de plásticos, próprios e de longa durabilidade.
Isto explicado passamos a demonstrar através de fotos de nosso arquivo particular, fotos estas tiradas pelo artista Antonio Gebhardt quando da implantação, e nos cedida gentilmente pelo seu neto Paulo, dirigente da A Fotográfica, ali na Rua Dr. Afrânio, onde sempre esteve.
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Foto n° 1 – Sob a direção do Professor Carvalho Lopes, gestão de Elmiro Barbosa, em 26 de dezembro de 1947, os trabalhos de construção da Rede Tronco de Serviço de Abastecimento de Água de Araguari, foi iniciado na Rua Marciano Santos, esquina com a Rua Padre Lafaiete.
Podemos ver na foto as escavações que já iam até a Rua Ruy Barbosa. Presentes ao ato, de terno escuro e chapéu, o Dr. Elmiro Barbosa. De terno branco, chapéu branco e de óculos, o senhor Waldomiro Barbosa, irmão de Elmiro.
Os populares presentes, identificados como o Juca da Padaria e Jeová Açougueiro. Os demais são operários e como de sempre, os curiosos que aparecem para conferir.
O terreno vago a esquerda, vem a ser hoje o viveiro de plantas. A casa logo abaixo, a Eletro Japan, logo abaixo, a casa onde morou o Professor Antônio Marques, e outras construções já demolidas, estando em seu lugar prédios comerciais.
Vemos um longo muro pintado de branco. Era o fundo do Hospital Santo Antônio do Dr. Belizário Rodrigues da Cunha. O muro, impedia o trânsito pelo fato de ali se encontrar o córrego Brejo Alegre.
Pelo lado direito também cercado. Passava o mesmo sob a ponte. Ainda pela esquerda vemos o Hospital Santo Antônio, esquina com a Rua Rio Branco.
Acima, onde hoje é a clínica dentária e em seguida o prédio que existia onde hoje funciona uma loja denominada Etc e um restaurante.
Na parte superior, onde foi a residência do Sérgio Manorkian, uma clínica dentária. Podemos ver também a majestosa Casa Patrícia, hoje demolida (que pena) e em seu lugar as Casas Bahia.
Lembramos que no sobrado, em sua parte superior, residiram várias famílias, dentre elas, a da senhora Mariinha Acioly, irmã do Dr. Moisés de Carvalho Alves. E subindo, mais prédios já não mais existentes.
Exceção o da esquina com a Av. Tiradentes, onde funcionou a Agência Ford, de J. França & Cia. Pelo lado direito, vemos onde hoje encontra-se a Só Panelas. Ali iniciou as atividades as Indústrias Nasciutti. Casas ainda existente e lá no alto, a residência do Dr. Marciano Santos, hoje Banco Real. (outro fato lamentável sua demolição).
Foto n° 2 – Já na esquina com a Rua Rio Branco, vemos a instalação da rede mestra, onde vemos Geraldo Costa, Elmiro Barbosa, Waldomiro Barbosa, os operários Juventino, Jeová e outros que não identificamos.
As casas citadas na foto anterior, podem serem vistas com maior clareza, ou sejam, o Hospital Santo Antônio, a clínica dentária, a casa demolida para a construção do prédio onde funcionou A Soberana, do Sarkis Manourkian, a Casa Patrícia, tendo nela funcionado outros estabelecimentos como a Livraria São José.
Logo acima a casa do Dr. Jehovah Santos, depois do senhor Bernardino, outros moradores e finalmente O Relicário até sua demolição. Hoje sendo construído um prédio comercial.
Pela direita, lá no alto, a bela casa do Dr. Marciano Santos e descendo, os prédios hoje uns demolidos, outros modificados, modernizados onde funcionam estabelecimentos comerciais.
Foto n° 3 - Já estamos agora no governo de Dr. Oswaldo Pieruccetti. Início de 1948, mês de junho.
Como homem de visão, grande administrador, deu seqüência aos trabalhos de instalação da Rede Mestra de Água nas principais ruas de Araguari.
Na foto vemos o pessoal trabalhando na Rua Rio Branco defronte ao Hospital Santa Marta. O mesmo mestre de obras, professor Carvalho Lopes deu continuidade nos trabalhos.
Vemos os operários em sua companhia fazendo pose para a foto que iria ficar para a posteridade. Operários que nos proporcionaram o precioso líquido em nossas casas.
Pela esquerda, vemos a casa onde funciona o consultório do Dr. Antônio Ferreira, a casa demolida do Dr. Calil Porto, demolida, e em seu lugar o prédio que abriga os consultórios do Santa Marta. E lá na frente, o Hotel Central.
Foto n° 4 – Junho de 1948. Estamos na Rua Quinca Mariano, quase esquina com a hoje Av. Cel. Teodolino Pereira de Araújo.
Na época, nem ponte existia. A primeira ponte foi precária, feita pelo Dr. Oswaldo Pieruccetti. Podemos ver os operários em plena atividade escavando a vala pela qual passaria o cano da Rede Mestra de Água.
Pela esquerda vemos a casa do senhor João Silvestre de Araújo, hoje demolida e em seu local, o Posto Texaco. Na esquina da Rua Aurélio de Oliveira, uma velha casa, acima a casa onde residiu o senhor José Coutinho com a família, depois várias famílias ali moraram, sendo inclusive sede da Rádio Araguari. Hoje escritório e residência.
Acima, a hoje Patrimônio Histórico e Cultural de Araguari, a residência do Dr. João Nascimento de Godoy. Hoje no local totalmente restaurado, um escritório de advocacia.
Na esquina com a Rio Branco, dá para vermos a casa onde residiu o senhor Justino de Carvalho, hoje funciona o Instituto que leva seu nome.
Vemos também uma casa antiga, nela residia o senhor Raul Campos da banca de jornais. Logo acima, o prédio de J. Porto com sua loja de tecidos.
Lá em cima, o final da Rua João Peixoto com uma casa baixa. No local hoje um prédio de apartamentos. Vemos também o prédio onde funcionou a loja do senhor Asad Saad.
Pela direita, ainda não existia a Aurélio de Oliveira entre a Quinca Mariano e a Lindolfo França. Vemos uma série de casas iguais que nela se encontram até hoje, com residências e escritórios. Neste muro, foi aberta a Rua Aurélio de Oliveira. A casa da esquina deu lugar àquele prédio de escritórios existentes.
Foto n° 5 – Estamos na esquina da Rua Rio Branco com Quinca Mariano.
Podemos ver que já era calçada, e o mesmo desfeito para as escavações da vala que abrigaria a rede de água. Podemos ver o Dr. Moisés de Carvalho Alves, Jeová e um funcionário da Prefeitura.
Pela direita, vemos a farmácia do senhor Moisés, pai do Dr. Moisés. Até a placa com a indicação podemos observar. Ela ali permaneceu por longos anos. Foi demolida para ampliações do Hospital Santa Marta.
Pela Esquerda, um estabelecimento comercial e a casa onde ficava a casa de calçados Santo Agostinho e hoje salão de karatê e um bar.
Do lado de cima, o J. Porto com sua bela e grande loja de tecidos. Lá em cima, como dissemos, a casa que deu lugar ao prédio residencial e a loja do senhor Asad Saad.
Foto n° 6 – Agora a rede mestra de água sendo instalada na Rua Rio Branco.
Podemos ver que os canos, tubos de grande espessura já estão colocados. Estavam nos serviços de tamparem a vala. Se observarem bem, verão que a Rua Rio Branco ainda não era calçada.
O calçamento da Quinca Mariano ia até ela. Na foto o Dr. Moisés de Carvalho Alves com o senhor Américo e operários. Na esquina pela esquerda, a residência do senhor Justino Carvalho seguida de duas casas ainda existentes, sendo a segunda, residência do fazendeiro João Monteiro.
As demais foram demolidas. A da esquina, foi a residência de dona Mariquinha de Godoy. Posteriormente funcionou uma pensão. Hoje é a casa do senhor Nazário Vilela.
Depois vemos o Hotel Central e o início da Rua Marechal Deodoro. Pela direita no fundo, o sobrado onde funcionava a Sapataria do Totó.
Neste grande muro que vemos, a residência do senhor Oswaldo Marcelino e do finado Augusto de Oliveira Santos. Vemos uma parte da casa que morou o senhor Raul Campos. Isto tudo em 1948, mês de junho.
Foto n° 7 – Para que a água chegasse em todos os locais, era necessário um bombeamento, pois a queda natural não daria para a pressão necessária.
Assim existia a casa de máquinas, no mesmo local onde hoje encontra-se a Superintendência de Água. Os compressores eram usados principalmente para jogarem ar no fundo de cada poço artesiano, aliás, semi artesiano pela sua profundidade, e o ar injetado, jogava para os reservatórios o precioso líquido para sua distribuição.
Hoje, o sistema usado é através de bombas instaladas no fundo do poço. Elas bombeiam a água para os reservatórios e muitas das vezes direto para a rede de distribuição, motivo pelo qual a água vem cheia de areia.
Foto n° 8 – Vemos nesta bela foto, o primeiro poço semi artesiano a jorrar água pura e cristalina.
A caixa d’ água que vemos ao fundo é o imenso reservatório que faz a distribuição pela cidade. Foi construída em 1934, na época da ditadura pelo Dr. José Jheovah Santos.
A casa existente era do zelador e técnico de manutenção, senhor João Pospichil. A barata conversível Ford 1940, vista na foto, era do senhor Clemente, chefe geral da construção do Serviço de Abastecimento de Água de Araguari.
Foto n° 9 – Finalmente chegamos ao final de nossa viagem ao passado. Viagem esta às instalações da Rede Mestra de Água em nossa cidade.
Para encerrar, mostramos a magnífica Caixa D’Água distribuidora do precioso líquido, em funcionamento até os dias atuais, com a ajuda de outros reservatórios haja vista o grande desenvolvimento existente nos governos passados, imprimido pelos dinâmicos Prefeitos de então.
É importante lembrarmos de dados alusivos a tão importante e relevante obra realizada há 61 anos atrás hoje sob a administração da Superintendência de Água e Esgoto - SAE.
Gostaríamos de dizer, que de 1949 para cá, vivenciamos tudo que foi narrado. Não existe em nossos textos, nenhuma transcrição de matérias.
Levamos até vocês, caros Leitores, nossas passagens por décadas vividas com alegria de viver. Vimos e somos testemunhas do desenrolar dos acontecimentos políticos e sociais de nossa terra. Nos orgulhamos disto. Herança de nosso pai, Julio Erbetta, a quem dedicamos estes retrospectos.
Para conhecer ou atualizar quanto ao atual sistema de água de Araguari recomendamos o site da SAE :
http://www.saearaguari.com.br/desenv/
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
Fotos: P&B - Antonio Gebhardt - cedidas gentilmente pelo seu neto Paulo - A Fotográfica
Coloridas: Arquivo pessoal
3 comentários:
Gostaria de sugerir que fossem colocadas fotos do local atual, se possível no mesmo ângulo. É uma viagem ao passado importante, porque foi um avanço para a qualidade de vida dos habitantes de nossa Araguari. Abraços. Teresa Cristina
Peron, muito oportuna sua matéria, tendo em vista que muitas pessoas não dão valor as obras que ficam "escondidas", o caso das redes de distribuição de água e coletoras de esgoto. Resgatar essa memória viva de quando Araguari começou a "engatinhar" em direção ao desenvolvimento (processo dinâmico de melhoria que implica em evolução - nesse caso urbana - e reconhecimento, por parte da sociedade, de seu patrimônio cultural) é de fundamental importância para as gerações presente e futura, além de relembrar às gerações passadas de tempos áureos que viveram.
Quando digo "engatinhar" ao desenvolvimento, é porque até hoje conseguimos mudar poucos passos nesse sentido, pois uma cidade desenvolvida é aquela que valoriza sua cultura (leia em www.olhar-urbano.blogspot.com), que reconhece aquilo que nossos antepassados produziram em nosso benefício, preserva seu patrimônio e, Araguari para ser considerada desenvolvida necessita trilhar o caminho do resgate e reconhecimento as nossas raízes, algo que você Peron, faz com maestria. Agradeço-lhe e a Deus pela oportunidade de estar vivendo no planeta Terra na mesma época que você. O aprendizado é enorme. Outro fato que temos que nos preocupar é em reabilitar a cidade de Araguari a fim de podermos preservar o nosso manancial de água doce subterrâneo: O Aquifero Guarani.
Um grande abraço e fique na paz de Deus!
Em um dos textos é citado o zelador e técnico de manutenção, senhor João Pospichil.
Eu realizo uma pesquisa genealógica da família. Gostaria de saber mais a respeito deste senhor Pospichil
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