sexta-feira, setembro 01, 2006

E A BANDA !


Caros Leitores.

Há uns dias atrás, um pedido de ajuda junto a Administração Pública, foi feito por uma pessoa conhecida, no que diz respeito a Banda Municipal “Maestro Luiz Bastos”.

O acontecido foi o seguinte: foi solicitada a presença da Banda de Música para abrilhantar um evento comemorativo em uma das organizações de nossa cidade, e, o mesmo, foi negado pelo seu dirigente.

Foi alegado pelo dirigente da Banda, que a Prefeitura Municipal não estava dando suporte para que a tão famosa e alegre corporação musical, continuasse fazendo suas apresentações, alegrando o povo em geral com suas retretas saudáveis de se ouvir.

Ora, aquilo nos deixou simplesmente pasmados. O Prefeito Municipal se negando a proporcionar alegria ao povo ? O Prefeito Municipal se negando a dar continuidade nas atividades da Banda de Música, coisa tradicional em todas cidades pela dedicação e colaboração de cada músico ? Pela voluntariedade de seus integrantes.

Não querendo acreditar no que ouvíamos, fizemos um retrocesso ao passado. Fomos parar lá na década de 50, século passado, quando ainda crianças éramos e acompanhávamos a Banda de Música lá da Matriz, ou melhor, que tocava em todos os acontecimentos da Matriz.

Era a Banda de Música Santa Cecília, que ficava sob a responsabilidade do Juiz de Paz, Odilon Vicente Pereira, que morava na Travessa 7 de Setembro e em sua casa era o ponto de encontro para os ensaios e guarda dos instrumentos.

Como era divertido acompanhar a Banda pelas ruas da cidade, tocando marchas militares, civis, músicas de sucessos na época. Em todo lugar lá estava ela, com seus músicos voluntários, amantes da arte, que após um longo dia de trabalho, se arrumavam com seus uniformes, formavam a Banda na rua e alinhados iniciavam suas apresentações alegrando não só a meninada mas principalmente os idosos que se deliciavam com as belas músicas executadas.

Toda e qualquer festa religiosa, na Matriz, no Regina Pacis, em Fátima, no Rosário, lá estava ela. No início, tocando nos palanques armados para os leilões de prendas. Nos intervalos do mesmo, entrava a Banda com uma música para alegrar o pessoal que ia nas novenas, nos congados, nas procissões, nos coretos da Praça Getúlio Vargas (Jardim dos Lemos para os mais antigos). Uma bela e emocionante apresentação era por ocasião da Semana Santa, quando ela tocava na procissão do Encontro, do Senhor Morto. Eram músicas fúnebres que demonstravam o quanto os músicos eram realmente músicos, dado a dificuldade de interpretação de cada melodia.

Foi-se a década de 50, veio a de 60. Ela continuou firme. Sempre participando de tudo. Na década de 70, temos lembrança dela, vagamente, iniciando sua decadência. Mudanças dos músicos para outras cidades, morte de outros, cansados pela idade, e, a falta de músicos para substituí-los.

Vem a morte do senhor Odilon. Homem que tantos casamentos realizou e que tanta alegria deu aos araguarinos com sua dedicação à Banda de Música Santa Cecília.

Lembramo-nos do senhor Jesus Teixeira, aposentado da Rede Federal, grande entusiasta da banda, tocava baixo, muito se orgulhando disto. Tinha o exímio tocador de tarol, José Dias. Ele repicava com as baquetas qualquer ritmo que se fizesse necessário. As baquetas dançavam em suas mãos artisticamente dando cadência e beleza nas apresentações. E assim outros músicos por ela passaram, dentre eles, o Antônio Carlos Bonolo, tocava trompete. Quanta saudade.

Jesus Teixeira, em conversa conosco, nos disse tristemente que o baixo que ele tocava, foi encontrado nos fundos de uma casa, no galinheiro, servindo de puleiro para as galinhas. Teve ele um choque quando viu aquilo.

Mas os tempos passaram. Surgiram outros homem com dinamismo e vontade de dotar nossa cidade de outra banda. Construir uma banda de música com a ajuda da Prefeitura e voltar a fazer o povo feliz com suas apresentações.

Dentre os homens que lutaram para a formação de uma nova banda, destacamos o Ten. Expedito Ferreira dos Santos, o Dr. Sebastião Campos, os Prefeitos, Dr. Miguel Domingos de Oliveira, Milton de Lima Filho (inclusive nós mesmos, juntamente com Leda Pinho, então Secretária de Cultura, empenhamos por ela), e, o Dr. Marcos Antônio Alvim.

Sempre foi difícil conduzir a Banda de Música. Todos que a dirigiram, tanto musicalmente, como administrativamente, sofreram com as dificuldades enfrentadas. Porém estas dificuldades eram contornadas e a alegria do povo era feita com as apresentações dos abnegados músicos que davam de si para, voluntariamente, a realização de eventos alegres e saudáveis.

Afinal, toda cidade que se preze, possui uma Banda de Música.

Em Tiradentes, Congonhas do Campo e outras cidades antigas, cultiva-se a arte das bandas, com apresentações em concursos disputados e concorridos. Todos músicos voluntários fazendo da nobre arte o motivo maior de suas vidas. Os momentos alegres das apresentações.

Mas voltemos à nossa Araguari, e, logicamente a nossa Banda de Música Maestro Luiz Bastos.

Quantas e quantas apresentações dela nós assistimos e aplaudimos. E agora, de repente, ela desaparece, não tem mais condições de sobrevivência por falta de ajuda da Prefeitura Municipal.

Como os caros Leitores se lembram, lá no início do Ponto de Vistas, o Maestro gritou por ajuda, e, nós, emocionados, pasmados, aborrecidos com a notícia, corremos até a Prefeitura para nos inteirarmos dos fatos e reivindicarmos ajuda para que a nossa banda voltasse a se apresentar para o povo carente de alegria.

Procuramos pelo Senhor Prefeito, e, o mesmo nos encaminhou para a Presidente da Fundação Araguarina de Educação e Cultura, Cinthia Maria Costa, que juntamente com o Procurador Geral do Município, Dr. Ubaldo Rodrigues do Nascimento, nos atenderam com cordialidade.

Isto aconteceu no dia 11 de julho de 2006. Não rodeamos. Fomos diretos ao assunto, dado a mágoa em que nos encontrávamos.

Após ouvir-nos nos detalhes quanto a necessidade da Banda de Música em Araguari, suas finalidades, a alegria do povo araguarino em suas apresentações, e, finalmente, a necessidade dela para o evento proposto, conforme dito anteriormente, a Presidente da FAEC, Cinthia Maria Costa, nos deu as seguintes explicações a respeito:

1 – Que a Fundação de Educação e Cultura, arca com despesas com várias organizações araguarinas, dentro da verba especial destinada para as mesmas.

2 – Que a Banda de Música Maestro Luiz Bastos, recebe da Prefeitura, todo o apoio necessário para as suas apresentações, sendo o espaço para ensaios às terças e quintas feiras de cada semana, na Casa da Cultura, além dos instrumentos musicais. De acordo com o Contrato firmado e vencido em 2005, a Banda tem que possuir no mínimo 20 músicos, sendo o máximo a critério do maestro. Todo o uniforme dos músicos, foi doado pela Superintendência de Água e Esgoto – SAE, em um gesto de solidariedade e incentivo. O valor de 24 apresentações por ano, é de R$ 57.000,00 (Cinqüenta e sete mil reais), o que vem a corresponder a R$ 2.375,00 (Dois mil, trezentos e setenta e cinco reais) por cada apresentação. Seriam duas apresentações mês.

3 – Assim sendo, com duas apresentações mês, a Prefeitura arca com R$ 4.750,00 (Quatro mil setecentos e cinqüenta reais). Porém, existem meses, em que não temos qualquer evento comemorativo. Assim, fica em haver as apresentações que não forem feitas.

4 – Se em um mês a banda deixar de se apresentar, estas apresentações passarão para o mês que se fizer necessário. Entretanto, se ultrapassar a quota de 24 apresentações ano, a Prefeitura tem que arcar com todas as despesas extras, usando da verba destinada às demais entidades de fins culturais da cidade, o que não é justo e correto.

5 – Deixou bem claro a senhora Cinthia, Presidente da FAEC, que não vem a ser a Prefeitura Municipal que não quer o funcionamento da Banda de Música, mas sim a mesma, pelo alto custo financeiro que passou a gerar a cada apresentação para os cofres públicos, tornando assim inviável de se manter. A renovação do contrato torna-se difícil em virtude da falta de diálogo e acessibilidade por parte da Banda.

6 – Conforme dito, tudo foi confirmado pelo senhor Procurador do Município, Dr. Ubaldo Rodrigues do Nascimento, que em ato contínuo, atendendo nosso pedido, colocou os instrumentos da Banda de Música que pertencem à Prefeitura, a inteira disposição do Maestro da Banda, em Cessão de Direitos, sem ônus para com a mesma, por prazo indeterminado, para que ela não interrompa suas atividades, podendo até encontrar formas de subsistência com patrocínios de empresas araguarinas, que com doações, poderão deduzir em suas declarações de Imposto de Renda, por serem gastos em prol da cultura.

7 – Mediante o exposto, tanto pela Presidente da Fundação, como pelo Procurador do Município, somente tivemos a agradecer pela atenção que nos foi dispensada, alegando que iríamos fazer chegar ao conhecimento da organização que solicitou a apresentação da banda, o motivo pelo qual a Prefeitura não poderia abrir uma exceção, arcando com mais uma despesa para que a mesma se apresentasse, o que geraria, lógico, outros pedidos de segmentos vários de Araguari.

E assim sendo caros Leitores, fica aí o resultado de nossa afirmação do Ponto de Vista de hoje: “E a banda !”.

Só não podemos afirmar que os músicos não são mais voluntários, ou que estejam em busca da arte. Não sabemos se recebem remunerações por serem seus componentes. Não tivemos contato com a direção da Banda quanto a destinação da verba recebida.

Toda e qualquer explicação quanto a valores pagos e recebidos que surgirem, não correspondem à realidade, uma vez nossas informações terem vindas dos órgãos responsáveis da Prefeitura Municipal de Araguari, quando fomos em busca de soluções para o problema.

Como devem estar tristes o Dr. Onofre e sua esposa, Maria José, aquele casal que marcha garbosamente na frente da Banda, abrilhantando suas apresentações. São verdadeiros fãs, adeptos e incentivadores dela. Devem estar arrasados.

Fica a critério de cada Leitor, a analogia do que tratamos, tirando suas conclusões.

Uma coisa é certa: o Senhor Prefeito realmente não pode ficar pagando altos preços para a Banda de Música Maestro Luiz Bastos se apresentar ao povo. Ela não é uma instituição municipal. É este mesmo povo que paga por tudo através das taxas, impostos, emolumentos.

Será que não existe mais ninguém que faz as coisas por prazer ?

Ah, e a Banda de Música, ao saber do assunto, tocou no evento que inclusive contou com o hasteamento do Pavilhão Nacional, sem ônus para a Prefeitura Municipal.

Será que o problema foi resolvido ?

Era o que tínhamos.

Que Deus nos abençoe.

Um abraço.

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