Tivemos a grata satisfação de receber do Patrimônio Histórico de Araguari, através da Fundação Araguarina de Educação e Cultura, nas pessoas de Alexandre Campos, Juscélia Abadia Peixoto e Aparecida da Glória Campos Vieira, uma bela e saudosa mensagem transmitindo o som da Sirene da Goiás.
Tempos idos, décadas de 50, 60 e 70, a famosa Estrada de Ferro Goiás estava em pleno vapor. Total de 2.000 funcionários em atividades.
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Você verá o prédio da Locomoção com a sirene colocada no alto de sua cobertura, tocando, lembrando os velhos tempos vividos com emoção e trabalho.
Mas vamos lá, vamos relembrar um pouco de tanto coisa boa que a Estrada de Ferro Goiás proporcionou à nossa terra.
Esta sirene, tocava às 06,40 horas da manhã para alertar, acordar os funcionários que estava na hora de levantar e preparar-se para as atividades do dia. Era a hora dos ônibus percorrerem os trajetos recolhendo os funcionários. Era um Ford verde, 1946, carroceria longa, e um azul, sem frente, fabricado nas próprias oficinas da Goiás.
Às 07:00 horas todos já estavam em seus locais de trabalho dando início a mais um dia de jornada.
Às 11:00 horas a sirene entrava em ação, avisando os funcionários de todos os setores que era a hora do almoço. Intervalo sagrado para alimentação daqueles dedicados funcionários.
Às 12:30 horas, lá vinha ela, a sirene, tocando alto, avisando que o intervalo do almoço havia terminado. Retorno às atividades.
Finalmente às 17:00 horas, a sirene dava seu toque final do dia, encerrando as atividades dos 2.000 funcionários da Goiás. Hora do retorno para casa. Lá estavam os ônibus prontos a recolher o pessoal e deixa-los nos pontos estratégicos para retorno às suas residências.
Vamos aqui lembrar de funcionários dedicados que deram suas vidas em prol das atividades na Goiás. Citaremos alguns, e esperamos os contatos de outros para que possamos enumerá-los e homenageá-los também. Este Ponto de Vista é uma homenagem aos homens que com orgulho se apresentam como FERROVIÁRIOS aposentados. E eles muito fizeram, como dissemos acima.
Então vamos lá: na Seção de Pessoal, tínhamos a Heleninha Bitencourt; na Escola Técnica de Educação Familiar, ETEF, tínhamos a Gersa Alves do Nascimento; como Chapeiro, (controlador de freqüência) o senhor Max Machado de Resende; na tipografia o hoje professor da UNIPAC, Willian Dickson dos Santos Braga; no almoxarifado, o Fauto Tomas, seu pai, Adalberto Tomas, o Celestino Fracon; como professor da Escola Profissional Ferroviária de Araguari, o nosso coordenador de lembranças da Goiás, Arcênio Paranhos Lopes; o senhor Oto Tormim na Seção de Eletricidade, assim como seu filho, Augusto Tormim; como Chefe das Oficinas tínhamos o senhor Alaor Pugga; nos escritórios o Antônio Carlos de Matos, o Biscoito; Idalírio Braga como chefia e coordenador; Godofredo Tilmann na Seção de Eletricidade; Professor João Coimbra, um exemplo de sabedoria e dignidade. Tantos outros que marcaram época, marcaram suas vidas, deixando um marco indelével na história de nossa Araguari.
Nas oficinas da Locomoção, eram reformados os vagões de passageiros, os carros refeitórios, os carros dormitórios, as locomotivas, assim como eram construídos os mesmos, inclusive as Auto-Motrizes, que eram composições para 5 ou mais passageiros, com motor de camionetas, que faziam viagens com o pessoal, como também eram enviadas para outros locais onde a Goiás atuava.
A Goiás, era tão dinâmica, que construiu uma vila, hoje o Bairro Goiás para residência de seus funcionários. Nela encontramos ruas que homenageiam as profissões de cada um, como Rua dos Portadores, eram os que revisavam as composições férreas quando chegavam de uma viagem, preparando-as para seguirem novos trajetos. Rua dos Foguistas, eram os que colocavam lenha, depois, carvão e posteriormente óleo bruto, o BPF, nas caldeiras das locomotivas a vapor. Rua dos Tatus, homenageando os operários que trabalhavam na conservação dos trilhos das linhas férreas. Hoje o Bairro Goiás, é um dos mais desenvolvidos e populosos da cidade. Nele a maior parte dos residentes, são ferroviários aposentados e que ainda trabalham na atual ferrovia, substituindo a Estrada de Ferro Goiás.
Para o conhecimento de vocês, caros Leitores, a Estrada de Ferro Goiás, foi a pioneira, sendo que a Viação Férrea Centro Oeste veio substituí-la. A Rede Mineira de Viação foi a seqüência das alterações. Aí veio a Rede Ferroviária Federal S/A, desmembrada que foi no Governo de Fernando Henrique Cardoso, em Ferrovia Centro Atlântica e Vale do Rio Doce, beneficiando Araxá e Catalão produtoras do Minério de Ferro, permanecendo hoje com este nome.
Mas, voltando à sirene, era bonito, era emocionante, era vibrante o som da sirene alertando, chamando e dispensando os funcionários da Estrada de Ferro Goiás para os trabalhos cotidianos.
Tempos idos, tempos vividos, 2.000 mil funcionários. Se fizermos uma média de cinco pessoas para cada família de funcionários, dela sobreviveram para mais de 10.000 pessoas. Famílias ilustres, famílias famosas, famílias tradicionais, famílias humildes que fizeram o progresso de nossa terra.
Fica assim nossa homenagem através deste Ponto de Vista aos funcionários da Estrada de Ferro Goiás. Os FERROVIÁRIOS, que orgulhosamente, e, com razão, ostentam tal título.
Agradecemos à Fundação Araguarina de Educação e Cultura, Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari, pelo envio do toque da Sirene, o que nos proporcionou reviver um pouco o passado. Fomos informados por eles, que em breve, estarão colocando no ar também o som das composições férreas. Ótima iniciativa dos responsáveis.
Mais Informações da Estrada de Ferro Goiás, podem ser obtidas no site da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás, através de texto do sr. Paulo Borges Campos Jr.
http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/conj/conj2/03.htm
" A chegada das ferrovias no Triângulo Mineiro.
No final do século XIX, em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da Estrada de Ferro Mogiana, ficando acertado que a cidade de Araguari seria a sede do que anos depois viria a ser a “Goiás”, facilitando-se a integração econômica entre São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Gomide (1986) ao discutir a origem dessa estrada, escreveu que a Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi um dos componentes da malha ferroviária estendida na região do Triângulo Mineiro, ainda nos últimos anos do século passado (1896). Dentro de um outro processo e após divergências políticas, foi determinado pelo Decreto nº 5.394, de 18 de outubro de 1904, que o ponto inicial, daquela que viria a ser então a Estrada de Ferro Goiás, seria na cidade de Araguari e o seu terminal na capital de Goiás.Os trilhos no cerrado goiano Para Goiás, a presença da estrada em seu solo é também o resultado de um grande esforço feito por alguns representantes da classe política e intelectual da região. Muito embora se reconheça que a ferrovia corta o cerrado goiano em função dos interesses do sistema capitalista de produção, ou seja, ela nasce de fora para dentro do Estado. Nesse sentido, a Informação Goyana (1932), ao discutir o apoio da classe política goiana à estrada, afirmou que o primeiro de todos a apoiá-la foi Henrique Silva, o segundo, o Marechal Urbano Coelho de Gouvea e o terceiro, Leopoldo de Bulhões.
Borges (1990), comenta que a criação da Companhia Estrada de Ferro Goiás, em 3 de março de 1906, tinha caráter privado e era apoiada pelo governo federal, pelo decreto nº 5.949 do então presidente Rodrigues Alves. A estrada de ferro surgiu como uma alternativa para romper o estrangulamento da economia goiana, quanto à sua demanda por um meio de transporte que viesse atender às necessidades de escoamento de sua produção. Em 28 de março de 1906, a estrada recebeu esse nome através do decreto federal nº 5.949, pois até então ela se denominava Estrada de Ferro Alto Tocantins, autorizada para construir e explorar o trecho de Catalão a Palmas, objetivando ligar então a capital de Goiás a Cuiabá, e estas à rede ferroviária do país.Os trabalhos de construção da Estrada de Ferro Goiás, em solo goiano, tiveram início em 27 de maio de 1911, dois anos após o começo da implantação do trecho localizado na cidade de Araguari, no marco zero da ferrovia. Já em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros, chegando, dessa cidade mineira, muito próxima à cidade goiana de Goiandira, segundo Araújo (1974).Em função de problemas de caráter financeiro e administrativo, em 1920 a Companhia Estrada de Ferro Goiás, por meio do decreto nº 13.936 de janeiro daquele ano, obteve concessão para explorar os serviços ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás, passando sua administração à União a qual levou adiante todas as suas obras de construção. Assim, a linha Araguari-Roncador com 234 quilômetros de extensão formou a nova Estrada de Ferro Goiás.Até o ano de 1952, a “Goiás”, percorria com os seus trilhos, aproximadamente, 480 quilômetros, chegando ao seu ponto mais distante em Goiânia. No total, 30 estações serviam à estrada, onde se destacavam as de: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Anápolis e Goiânia (IBGE, 1954). "
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
Fontes de Informações e fotos:
Fundação Araguarina de Educação e Cultura
Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás
7 comentários:
Parabens pela publicaçao sobre a ferrovia.
Araguari tem que conhecer mais sobre seu passado ferroviario, pois nossa identidade é baseada nesta peculiaridade que permeou nossa historia por mais de 50anos.
Abraços
Alexandre Campos.
Oi amigo, estive fora uns dias e retorno p/ o encontro com o mundo virtual.
Agradeço por ter-se lembrado de mim ,levando-me a relembrar o som da sirene da Estrada de Ferro Goiás busquei no tempo o olhar interno, vendo meu pai com seu terno caqui indo rumo ao som do chamamento de trabalho.
Não tem como não ser tomada pela nostalgia do passado que não volta mais,o importante é ter conhecimento de nossa história e saber que nossos famíliares fazem parte dela.
Obrigada pelo carinho, Mirna Mares
Mirna, lembramo-nos perfeitamente de você e sua irmã de braços dados com seu pai, senhor Max, ali pelas 17,15 horas, na antiga rua Goiás, hoje José Ferreira Alves. Ele descia do ônibus na esquina da Virgilio de Melo Franco, onde vocês duas o esperávam para acompanhá-lo até a casa de vocês. Tempos vividos, tempos idos. Gratas recordações. Obrigado pela sua manifestação. Enriqueceu nossa matéria. Peron Erbetta.
Caro Peron,
Gostaria de parabeniza-lo 3 vezes:
Primeiro pelo excelente trabalho de jornalismo que vem desempenhando e orgulhoso araguarino divulgando nossa terra.
Em segundo,ter citado com tanto carinho e merecidos elogios meu saudoso tio Pedro Teixeira.
Em terceiro,apesar de estar tao longe do Brasil, me fez parecer muito proximo trazendo a tona recordacoes de minha infancia quando citou a sirene.
Minha casa situava-se cerca de 200 metros dali e foi la que cresci vendo meu pai trabalhar dignamente por 35 anos na Estrada de Ferro Goias.
Lembrancas jamais esquecidas...
Abracos,
Sebastiao Xavier Brasil
NY- USA
Acho lindo o seu carinho por Araguari, gostei de ouvir o som da sirene. Só que não consigo mais acessar. Gostaria de poder gravar o som da sirene da Estrada de Ferro Goiás, por favor me ajude.
Souum filho de Araguari exilado em Brasília.
Mas amo minha cidade e sinto saudade de tudo, inclusive da sirene.
Agradeço, atenciosamente
wilsonpcg@hotmail.com
Emocionou-me a reportagem sobre a Estrada de Ferro Goiás.
Embora distante há 37 anos de minha terra natal, não pude deixar de manifestar a minha alegria ao descobrir seu blog.
No intuito de contribuir para a história de Araguari, queria lembrar que a EFG também possuia um timaço de futebol, o Esporte Clube Goiás, que contava, entre outros, com: Walter de Freitas, Nino, Zé Condensa, Lazinho, Fome, Osíris, Zico, Arquibaldo, Amílcar, Biscoito e Fio, entre tantos outros funcionários, e teve como treinador meu saudoso pai, Quinca Gertrudes, tio da saudosa Magali, a "Marta" daquele inesquecível time pioneiro feminino araguarino.
Esse time, o Goiás, foi campeão da segunda divisão da Liga Araguarina de futebol.
Cresci na Vila Goiás e dela tenho muito orgulho. A música que me embalava era "A Sirene da Goiás".
Um abraço fraterno.
João Euripedes Miguel
Não há como não se emocionar ao descobrir um blog focado em nossa Araguari, da qual me encontro afastado há 37 anos!
Emocionou-me a lembrança da sirene!
A "Balada da Sirene da Goiás" acompanhou-me todo o tempo vivido em minha cidade!
A título de colaboração para a história de Araguari quero lembrar que a EFG tinha um timaço amador chamado Esporte Clube Goiás, campeão amador e time imbatível, que contava entre outros com: Walter de Freitas, Nino, Zé Condensa, Lazinho, Fome, Osíris, Zico, Arquibaldo, Amílcar, Biscoito e Fio, entre outros, todos funcionários da empresa.
Esse time maravilhoso tinha como técnico meu pai, o saudoso Quinca Gertrudes, tio da saudosa Magali, a "Marta" daquele fabuloso time feminino, precursor das atuais equipes de futebol feminino do país.
Parabéns pela sua iniciativa. Daqui de Belo Horizonte estarei sempre procurando contribuir para que a história de Araguari permaneça viva!
Abraço fraterno.
João Euripedes Miguel
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