Iniciamos lembrando fato narrado por nosso amigo, senhor Elpenor Veloso de Araújo, em visita que nos fez na época da publicação do Ponto de Vista, Ponte do Bethout nos contou que os pranchões que citamos que a ponte ainda não havia recebido para o trânsito de veículos, foram doados à Estrada de Ferro Goiás.
Doação esta para agilizar a comunicação com o estado de Goiás, pelo nosso amigo, homem que admiramos pelo que fez por Araguari.
Já citamos em várias matérias, e, temos aqui o prazer de citá-lo uma vez mais, o senhor ERNESTO GOLIA, aquele do Pica Pau, aquele da Associação Rural, aquele da Charqueada Fulgor, que morava ali, onde hoje residem os familiares do senhor Acácio Diniz Povoa.
Pois é, conforme o senhor Elpenor, os pranchões foram feitos a mando do senhor Ernesto Golia, na serraria lá de Amanhece, juntamente com a serraria de Goiandira.
O motivo maior da doação foi o fato de ambos possuírem uma charqueada em Anhanguera, e o transporte de gado para o abatedouro estar sendo difícil.
Com a doação dos pranchões, a ponte ficou pronta mais rápido, e a ligação efetuada para antecipar o progresso. Como sempre a interferência dos particulares em obras do governo, para que fiquem prontas antes do previsto e prometido (quando ficam).
Obrigado amigo Elpenor Veloso de Araújo. Faça sempre assim, sempre que puder nos ajudar na memória, quem sai ganhando são nossos leitores. Aliás, o senhor Elpenor, seus irmãos, Dr. Veloso, Dr. José Veloso e Dr. Gabriel, assim como era seu saudoso cunhado, Mário Neto, são verdadeiras enciclopédias da história de nossa Araguari.
Isto posto, vamos ao devaneio:
Estávamos, ao anoitecer de uma 6ª feira, como sempre fazemos para espairecer a cabeça, e ao mesmo tempo admirarmos Araguari, dando a costumeira volta de carro pela cidade.
Neste passeio, apreciando o movimento, as lojas fechando suas portas após um longo dia de trabalho, o povo se dirigindo de retorno às suas casas, os estudantes de cursos noturnos se dirigindo às escolas, os casais fazendo suas caminhadas pela bela Cel. Theodolino, e ao redor do Bosque.
Vendo toda aquela beleza, vendo a grande obra realizada por grandes homens de nossa terra, voltamos lá para a década de 50, quando criança éramos e já estávamos dando os primeiros passos na escola.
Lembramo-nos da avenida do Córrego Brejo Alegre, aquela água ainda limpa, correndo em seu leito, e como morávamos na rua Goiás, hoje Cel. José Ferreira Alves, descíamos para irmos a escola, especificamente Colégio Santa Terezinha, em seu prédio velho, na Av. Tiradentes.
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Externato por ser de propriedade do Colégio Regina Pácis, dos Padres da congragação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que mantinha o regime de externato, semi-internato e internato, e o Santa Terezinha, era o primário externato, que não existia no Regina Pácis.
Cremos nós ser este o motivo do nome externato. Nunca perguntamos. Era e é sua diretora, a senhora Maria Abud. Dinâmica, enérgica, alegre e verdadeira apaixonada pela escola.
Como Vice Diretora, ela tinha a Tereza Miranda, a dona Maninha, como nós, os alunos a chamávamos.
Quem não se lembra dela. Era a “Verônica” das procissões do Enterro do Senhor Morto em todas as Semanas Santas. Sua voz aguda e triste, fazia com que a multidão que acompanhava as procissões chorassem. Que Deus a tenha em seu convívio. Deixou muitas e agradáveis lembranças.
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No corpo de professoras, o Santa Terezinha tinha a, como dizíamos, e os alunos dizem até hoje, a “dona” Dorinha de Jesus, a “dona” Neuza Cascão, a “dona” Anita Nader, a “dona” Ilça Nader, e várias outras que marcaram nossa vida escolar.
Marcaram também a de araguarinos proeminentes que aqui residem e estão esparramados por este mundo a fora. Exemplo: Dr. Carlos Vanez Menino Bedrossian, casado e residente nos Estados Unidos. Médico famoso, teve sua base escolar no Santa Terezinha.
Aqui em Araguari uma infinidade de homens ilustres passaram por lá. Mário Nasciutti (falecido), Getúlio Nasciutti, Lauro Wilson Henriques, seus irmãos.
De nossa geração, nossos filhos também passaram por lá, nossos dois filhos, Julio e Fernando, foram alunos da saudosa “dona” Conceição (década de 70). Hoje homens feitos, trabalhando por esse Brasil a fora. Base escolar: Externato Santa Terezinha. Parabéns cara Diretora, Maria Abud.
Mas voltemos lá, onde dissemos que íamos para a escola. Descíamos nós, juntamente com o João e o Eurípedes, filhos do senhor Absair Machado, que moravam na rua Goiás, esquina com a rua Cel. Lindolfo Rodrigues da Cunha, e também com o Oswaldo e o José, filhos do senhor Zequinha “Boiadeiro”, moravam ali na esquina da Quinca Mariano com a José Ferreira Alves.
Os dois primeiros residem em Goiânia, e o Oswaldo é médico, esteve aqui, mas mudou-se também para Goiânia, e seu irmão José, é o Zezinho do antigo jornal "O Albor".
Então descíamos pela rua Quinca Mariano até o córrego, ali nós pegávamos o atalho pelo seu leito, passando pela Virgílio de Melo Franco (sob a ponte), seguindo sempre em frente, preparando os poços para no retorno, lá pelas 5 horas da tarde, pegarmos os lambaris que cevávamos (nem sabíamos o que era isso), somente fazíamos, recolhê-los com peneiras e levá-los para fritá-los e comê-los.
Não haviam esgotos despejando dejetos no córrego. Suas águas eram límpidas e cristalinas. Nunca, jamais, iremos ver águas como aquelas. Mas desviamos a conversa e não terminamos a história.
Lá íamos nós, pelo leito do córrego até chegarmos na rua Marciano Santos, onde subíamos a beirada, a rampa que sempre existiu.
Acessávamos a rua e subíamos até a Av. Tiradentes, chegando assim antes da hora para as aulas, considerando o fato de termos ido pelo “atalho” criado por nós.
Ah, só existia a ponte da rua Cel. Lindolfo Rodrigues da Cunha (a do cemitério), a da rua da Liberdade, hoje Virgílio de Melo Franco, a da Brasil Acioly que era de madeira e ficava defronte hoje a Sincopel (quando foi feita, a ponte no local que é, hoje sumiu, a construção virou piada, ponte sem rio), erro o que o povo falava. É lógico e evidente que o Mercado Municipal ainda não existia.
Depois o córrego foi desviado. Seu construtor ? Dr. Alex Simeck, e a da rua Marciano Santos. O resto eram pinguelas com corre mão para o povo atravessar.
Então, caros Leitores, quem transita pela majestosa Av. Cel. Theodolino Pereira de Araújo, principalmente em sua parte concluída, mesmo tendo vivido anos atrás, talvez não se lembrem nem de sua construção.
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Procurem observarem o progresso fluindo onde dantes caminhávamos entre guapevas, mato, cobras, em um brejo que cobria toda esta extensão que narramos, e hoje, hoje proporciona ao nosso povo o delicioso bem estar, a beleza da natureza que se vem formando com o ajardinamento aprimorado de seus canteiros.
Mas voltando lá no Santa Terezinha, fizemos isto durante todo nosso curso primário, e o decorrer dele, como já narramos anteriormente, a escola se mudou para onde hoje e a residência da família do saudoso Dr. Sílvio França.
Isto enquanto era feita a construção do novo prédio. Passou rápido, e logo estávamos de volta ao que é hoje, aquele magnífico prédio onde continua funcionando, o famoso Externato Santa Terezinha.
A inauguração nos lembramos bem, foi regada de refrigerantes e sanduíches, muita brincadeira, corrida do saco, corrido do ovo na colher, dança de quadrilha e tudo mais que criança gosta. Está em nossas lembranças.
E assim, divagamos no tempo e no espaço, em um devaneio que trouxe às memórias, momentos sublimes e puros de um passado distante, e que nos deixou uma marca maravilhosa em nossas mentes.
Esperamos de coração termos reavivado alguma chama dentro de seus corações, e que como nós, tenham sentido a alegria nostálgica de uma viagem inesquecível ao nosso passado, que como dissemos nos dá forças para o presente para enfrentar o futuro.
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
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