sábado, setembro 20, 2008

Devaneios IV

Caros Leitores.

Desta feita, dando continuidade aos nossos devaneios por Araguari, vamos percorrer outros caminhos da cidade, iniciaremos descendo pela rua Cel. Lindolfo Rodrigues da Cunha , percorrendo o trecho da Praça Padre Nilo (Praça da Matriz), até a Praça do Rosário e em seguida Praça Manoel Bonito.


Temos logo no início, o sobradinho que por longos anos funcionou a selaria e sapataria do senhor Demócrito Wandenkolk.

Defronte, a grande casa da família Rodrigues da Cunha, mais precisamente do Cel. Lindolfo, que empresta o nome à rua, hoje demolida e no local a residência do senhor Nasário Augusto Vilela, em frente o prédio também demolido do Hotel Central.
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Vamos descendo, e deparamos com o terreno vago, onde antes se encontrava o majestoso Hotel Brasil, da família Carlos Lazarini. Lembramos então que quando viemos para Araguari, lá ficamos hospedados por três meses, até ser desocupada a casa do senhor Raulino Naves, na antiga Rua Goiás, hoje Cel. José Ferreira Alves, e nela residia a família do saudoso senhor Eduardo Rodrigues da Cunha (ex-prefeito e fazendeiro).

O senhor Eduardo, mudou-se para a mansão que havia construído na Av. Tiradentes, onde hoje está o banco HSBC, e que funcionou antes, após a demolição da referida mansão, a Caixa Econômica Estadual e o Bemge.

Continuando, vimos a casa do também saudoso senhor Osmundo Rodrigues da Cunha, ali na esquina com a Rua Aurélio de Oliveira. Foi uma visão tão bonita, que pudemos ver inclusive a família reunida no grande alpendre, e estacionado na porta seu belo carro Chevrolet 1951 de cor cinza.


Aí, chegamos no córrego, passamos sobre a velha ponte e atingimos a esquina, esquina famosa, moravam nela, os senhores Absair Machado aqui pela esquerda de quem sobe. Na frente, onde hoje é um sobrado, havia uma grande casa, que foi comercial e residencial.

No nosso tempo naquela rua, ela já estava vazia, e servia até de acampamento de ciganos que aportavam na cidade. (Chegamos, juntos com nossos pais, a freqüentar casamentos entre eles que se tornaram grandes vizinhos na região).

Defronte, pela direita, esquina vaga, e a primeira pela então Rua Goiás, a casa da senhora Alzirinha, mãe do Dr. Juvenil de Freitas, local onde íamos apanhar e chupar Jabuticabas.

Depois Dr. Juvenil quando se casou, construiu a casa de cá, onde constituiu sua família. Sempre guardado na garagem seu carro Citroen modelo 1951 (interessante, todos os Citroens eram pretos).

No lado de cima da rua, a bela casa de frente arredondada, da família do senhor José de Sá, que como o senhor Absair, mudaram-se para Goiânia na década de 50. Aquela casa hoje mora a senhora Maria Zilda da Cunha Cavalcanti, irmã dos nossos amigos e leitores, Diomedes da Cunha e Fausto Pereira da Cunha, lá da Buggy Acessórios.

Caros Leitores, quantas saudades trazem em nossas mentes revivermos o passado, mas como é bom lembrar deles, comparar as casas, as ruas com o que vemos hoje. Novas edificações, casas reformadas, modificadas, muitas com as mesmas famílias morando. É como se estivéssemos lá, no tempo e no espaço, dentro da maravilhosa máquina do tempo que é o nosso cérebro.


Mas aí chegamos na esquina da Praça do Rosário, e pudemos ver a velha casa e o armazém do saudoso senhor Genésio Borges, pai da Dra. Lindaura Silva Borges. Lá na venda comprávamos de tudo, e nas festas do Rosário, seu Genésio vendia para nós as bombinhas, foguetes, busca-pés, rebenta coió, traques, e outros barulhentos fogos de artifícios para festejarmos lá na velha praça que ainda não tinha traçadas as suas passarelas e jardins.

Era mato e terra, mas a impotente e maravilhosa igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, com seu telhado caindo, sua cruz no alto pendida para o lado direito, seu piso de chão batido, seu altar cercado de tapumes trabalhados de madeira, e que durante o dia acolhia além dos fiéis as belas andorinhas que existiam em bandos e aos poucos foram desaparecendo de nossos olhos.

A igreja tinha até suas paredes de adobo já se desmanchando pela ação do tempo, mas as festas eram realizadas, com os congados, moçambiques, festas juninas, barraquinhas, tudo que fazem hoje, porém sem a presença da saudosa igrejinha que marcou grande época nos corações de quem a conheceu. Por uma infelicidade e até por falta de idéia, a mesma foi demolida ao invés ser reformada e preservada para a posteridade.

Em seu lugar surgiu outra bela e significativa igreja que cumpre seu papel junto à sociedade. Mas vejam vocês, lembramo-nos das Missões Religiosas, dos padres missionários que estiveram em Araguari lá por 60, e realizaram uma semana de pregações e atos religiosos, arregimentando novamente para a igreja, fiéis, fiéis estes que se afastaram no decorrer dos tempos.


Foi brilhante e maravilhoso, ficando seu encerramento marcado com a colocação de uma grande cruz, um cruzeiro de aroeira, especialmente construído para marcar o encerramento das missões, e este Cruzeiro, dado seu tamanho, foi levantado e implantado em sua posição pela velha Turma de Manutenção da Cia. Prada.

Temos a foto que registra o fato. Centenas de pessoas lotavam a praça para o ato de fé. Praça do Rosário, quantas recordações nos trás. Paramos o carro ao lado e ficamos relembrando. Lembramos do Professor João Batista Duarte em sua residência, também com seu carro na garagem, era um Citroen, preto.

Professor João, mestre da matemática. Passando com ele de ano era provar que realmente havia aprendido a matéria correspondente. Caso contrário, bomba. Grande homem, nossos respeitos.

Lá na praça, moravam pessoas conhecidas, Professor José Coimbra, o senhor João Coimbra, grande família, seus familiares ainda residem lá.

A senhora Nair Caldeira Valente, residia na casa da esquina de baixo, na de cima era a casa de comércio, conhecida como Casa Verde, vendia de tudo, de uma agulha a uma peça pesada, eram atacadistas, só não nos recordamos dos nomes, mas fica registrado, da mesma forma o velho casarão do lado de cá.

Pudemos lembrar também do senhor Itelino que trabalhava na Casa Aníbal, o Vasco Duarte, o Domingos de Souza (Lamparina), o sogro do Euler Coutinho, Clitano Guimarães, o senhor Vicente de Paulo Coutinho, o Abdala Mameri e vários outros que ainda citaremos em mais matérias que desejamos fazer a respeito.

Dirigindo para o centro da cidade, descendo pela Rua Quinca Mariano, na esquina com a antiga Rua Goiás, temos a casa do senhor Pedro Araújo, pai do Vicente, Dolival, Dermeval, João Araújo, e lembramos-nos da família inteira reunida, pois morávamos ao lado, na casa do senhor Raulino Naves, e posteriormente onde é a casa do saudoso senhor Waldor Naves.

Lembramo-nos até da senhora Odete, da Fátima Araujo, da senhora Amélia, da senhora Ismélia, do Dr. Hélio Vaz, do senhor Nelson Pinto com a família, do senhor Oswaldo Pinto, da família inteira do Dr. Alvaro Teixeira, de saudosa memória, era inclusive compadre de nosso Pai.

Então, como gostamos de lembrar tudo, até os carrões da época parados nas portas, nos Araújo e Naves, dois Fords 1951, duas camionetas também Ford.

O Ford 50 do senhor Anaximandro Alvarenga que morava na Rua Afonso Pena, mas ia todo dia à casa de seus parentes, Nelson e Oswaldo Pinto para as conversas de fim de tarde.

A camioneta Chevrolet 1951 do senhor Zequinha Boiadeiro, pai do Zezinho, do Oswaldo e da Shirlei. A camioneta do senhor Absair, também Chevrolet 1951, que ele mandou colocar carroçaria de madeira para transportar mais carga.

O Citroen 51 do Dr. Hélio Vaz. Na esquina, onde hoje é a casa do Zírzio Tomaz Pereira, era a grande casa da senhora Nenê Paranhos. Ficava cheia aos domingos com a reunião de todos os familiares.

O senhor Délio Paes, era parente, e sempre lá estava, e até passava cinema para a meninada no grande páteo que a casa possuía com jabuticabeiras. Tinha ele um Buick sedan verde.

Nosso Pai havia adquirido um Ford 1951, verde garrafa. Foi seu orgulho. Muitos em Araguari lembram-se dele pelas ruas da cidade.

Continuando, descemos, passamos pela Rua Rio Branco, e lá lembramos que ficava na porta, o Pontiac 1951 do senhor Justino Carvalho, verde e amarelo.

Puxa, que saudades, mas o que consola é que vivemos cada momento de nossa vida. Como já referimos, “éramos felizes e “o” sabíamos”. Seguimos até a Praça Manoel Bonito onde temos os longos bancos.


Podemos relembrar os carros de praça, os táxis, que existiam nas décadas de 50, 60 e 70, aqueles que sempre viveram da profissão honrada e ao mesmo tempo perigosa, considerando fatos ocorridos e que chegam a amedrontar os que nela militam.

Estando de frente para o Pálace Hotel, a nossa esquerda, era mão para descer, ficava o Ponto Chick, e nele os profissionais:

Sebastião Mogiana, com seu Ford 46, (um detalhe, os carros foram fabricados até 1942, com a 2ª Guerra, as fábricas passaram a construir materiais bélicos, só voltando a construírem carros novamente em 1946).


O nosso amigo Fausto Lieggio, conhecidíssimo por “Tim”, com seu Ford 1942, creme.


O Diamantino de Souza, (também fornecia marmitas ali na Rua Rio Branco, ao lado do senhor Oswaldo Mendes), com seu Mercury 1949 (ele mandou pintá-lo de azul, vermelho, e verde, ganhando na época o apelido de “Sorvete Congel” pelas cores do sorvete concorrente da Kibon).


O José Rodrigues Fernandes, (Zé Teia) com seu Pacard 1950.


O Manoel, (Manelão) morava onde hoje é a casa dos Parafusos, tinha um Ford 1951 azul (foi para Brasilia e lá ficou).


O Emílio D’Amicis, com seu Mercury 1950.


O Abel de Oliveira, (o Belo) com uma Plymouth.

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O Jorge Hilário com um Ford 1939.


O Adriano Goes e seu belo Mercury 1946, a Totonha do Acrísio, tinha um Pacard 1947, era de seu marido e ela o manteve no ponto.

Estes eram os da época no Ponto Chick, os anos passaram muitos partiram para a eternidade, e outros vieram dar continuidade a nobre profissão.

Prosseguindo o Ponto Ideal, está no seu lugar de sempre. Nunca sofreu alterações de local, pois o Ponto Chick, com a mudança de mão, foi passado para onde está hoje. Então lá trabalhavam:

O Civi, não lembramos o nome dele, com seu Ford preto 1941.


O José Machado, filho da Totonha, com um Chevrolet 1951.


O José Martins Ferreira (Zé Chuvita), com um Ford 1946.

Lindolfo Santiago tinha um Ford 38.


O senhor Benedito Honório Dias, (Pavão) com seu Ford 1946 preto. (Era dono da Pensão Pavão, na Samuel Santos, com a José do Patrocínio).


O Simonides Honório Dias, filho do Pavão, tinha uma Studebaker, azul, 1951.

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Elmiro Honório Dias, o Mirote, também filho do Pavão, trabalhava com seu Ford 48.

Tinha o Napoleão com um Pacard 1950, os irmãos Joel e Martinez Martins Baesse, o Joel com um Ford 48 e o Martinez com um Chevrolet 1951 (ambos foram para Brasilia de quando sua construção. Lá permaneceram por longos anos, retornando posteriormente para Araguari).

Para completar a lembrança destes homens que colaboraram com a grandeza de Araguari, se sustentaram, criaram suas famílias, sendo que gerações se sucedem no ramo, homens que levaram e trouxeram pessoas, autoridades, pessoas humildes, todas as classes, completamos o que consideramos uma homenagem a eles, citando os do Ponto São João, que se localizava ali no alto da Praça, com o grande espaço estacionavam de ré seus veículos, defronte ao Bar São João que lhe emprestava o nome, hoje Fogão de Lenha e outras casas comerciais.

Lá trabalhavam:
Benjamim Carrijo,(Ninico) com seu Chevrolet 1951.
O Antonio Queiroz com seu Ford 48.
O José Rita, e seu Ford 39, o Laudelino Borges.
O Lau, com o Chevrolet 1951.
O Celso Vieira da Costa, com Ford 48.
O Sebastião (Tatão) com um Ford 46.
O Wilson Vieira da Costa, com um Ford 48.

Devemos ter omitido algum nome, é lógico, evidente, também não temos memória para tantos detalhes, mas procuramos lembrar o melhor possível.

Vocês observaram a quantidade de Fords e Chevrolets que citamos? Eram os veículos que tínhamos. Não se fabricava no Brasil e a importação era difícil, motivo pelo qual se mantinham com seus veículos por longo tempo e em estado impecável.

Sempre limpos e prontos para o uso na cidade ou em viagens. Recebam os que ainda trabalham, os familiares dos que partiram, os nossos respeitos e nossas homenagens, assim como nossos agradecimentos pelo que fizeram por Araguari e seu maravilhoso povo.

Uma vez mais, expressamos aqui, os mais sinceros e profundos agradecimentos aos nossos distintos leitores que sempre se acercam de nós, manifestando suas opiniões ao que levamos até vocês.

Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sr.Antonio,
Estamos procurando por uma pessoa de Araguari, Genesio Borges Junior. Achamos referência no seu Blog de uma pessoa com o nome de um senhor que pode ser seu pai. O Sr. tem contato com esta familia ou com o proprio? Estudamos juntos em Viçosa e busco por noticias. Desde ja agradeço sua atençao.

e-mail: annacramos@hotmail.com

Anônimo disse...

eu tambem procuro o genésio filho, faz parte da minha infancia...
Att.
clei.cordeiro@bol.com.br

Unknown disse...

Procuro informações da família de sobrenome Barnabé. Que viveu na rua Municipal, antiga Goiás, e onde é o Bretas foi uma chacara deles. Informações para fernandobarnabe@yahoo.com.br e 62 - 92710022. Estou escrevendo um livro dessa família.

Unknown disse...

Procuro informações da família de sobrenome Barnabé que viveu na rua Municipal antiga Goiás, e onde tem o Bretas foi uma chácara deles. Estou escrevendo um livro dessa família. Informações para o email fernandobarnabe@yahoo.com.br ou 62 9271 0022. Agradeço pela atenção.