No nosso tempo de rapazes, uma ocasião, ouvimos lamúrias por parte de uma pessoa de nosso relacionamento. Lamúrias estas tristes, doídas, sofridas, enfim, daquelas que fazem o elemento desistir da vida e começar a se revoltar contra o Ser Superior que governa nosso mundo com sabedoria, fazendo com que, conforme as conseqüências, o ser humano comece realmente a questionar quanto a sua existência.
Como sempre acontece, estas conversas ocorrem quando os encontros são entre pessoas de confiança e de convívio antigo, pois assim sendo, todos se sentem a vontade para colocarem seus problemas para fora, sentindo-se muitas das vezes mais aliviados.
Um dos presentes na conversa, após ouvir as lamúrias e o choro incessante do queixoso, interrompeu a conversa e disse em tom de ânimo, querendo consolar o dito cujo queixoso.
Paulo (vamos assim chamá-lo), certa feita, um cidadão se revoltou com Deus, alegando que a cruz que ele deu a ele para carregar pela vida, era pesada demais.
Reclamou bastante de Deus, queixou-se, fez comparações com as cruzes de amigos e até de pessoas desconhecidas dos demais, queixou-se tanto que Deus, resolveu chamá-lo em um grande salão, onde estavam guardadas umas duzentas ou mais cruzes. Estavam lá, encostadas nas paredes, dependuradas em ganchos, empilhadas num canto do salão.
Deus então disse a ele, ao cidadão insatisfeito com sua cruz. Deixe sua cruz aí na frente, encostada na parede, e, escolha dentre todas estas que estão por aí, a que melhor lhe parecer, a que você terá condições de carregar no decorrer de sua vida.
O cidadão, mais que satisfeito, encostou sua cruz na parede e partiu salão adentro, procurando uma nova cruz para carregar.
Pegou uma logo na porta de entrada que parecia lhe servir. Experimentou-a, deu uma volta pelo salão, chegou meio torto para a direita dizendo: esta aqui não está boa não. Ela puxa bastante para a direita e me deixa com as costas doendo.
Entrou mais dentro do salão e pegou outra. Deu sua voltinha com ela nas costas pelo salão, voltou arqueado, todo curvado dizendo: que coisa esquisita, esta cruz aqui me dobrou no meio, veja só como está minha coluna. Não serve não.
Lá foi ele pegar mais uma cruz no salão. Desta feita escolheu bastante. Achou uma que disse antes de experimentar: esta aqui vai dar certo, tenho certeza. E lá foi ele andando pelo salão com a nova cruz nas costas. Eis que dois minutos após, volta ele, mancando das pernas, alegando que a cruz era desequilibrada, puxava para os dois lados, deixando-o sem jeito de andar e fazer as coisas.
Deus olhou para ele e disse: não desanime não, afinal, você queixou-se tanto que resolvi lhe dar esta chance. Não perca a oportunidade, tente mais, elas estão aí a sua vontade.
O cidadão, meio sem graça, contornou a sala, indo para o outro lado no meio do depósito de cruzes.
Encontrou uma cruz novinha em folha. Toda envernizada, roliça, um brinco de cruz. Suspirou fundo e disse: é com esta que eu vou. Colocou-a nas costas e partiu pelo salão em nova tentativa.
Não deu outra, voltou resmungando, dizendo, puxa vida, esta está tão nova, roliça, que escorrega para todos os lados, não pára nas costas, vejam só minhas mãos como estão só de segurá-la. Não dá não, vou partir para outra.
Foi lá no fundo do salão, remexeu na pilha de cruzes, e, encontrou uma que o deixou aflito para experimentar. Acho que agora vai dar certo. Ô cruzinha bonita. Era esta que eu queria. É cruz mas é bonita. Botou nas costas e foi em frente.
Voltou o cidadão e desta feita bravo, dizendo que a cruz só tinha beleza. Que estava atrás de conforto, beleza não dizia nada. Beleza sem conforto não adianta.
Passaram duas horas e o cidadão estava lá no salão experimentando todas as cruzes que podia. Ele já não se dava conta por onde tinha andado desde sua chegada.
Eis que de repente, o cidadão todo alegre, chega com uma cruz nas costas dizendo: Ô meu Deus, esta aqui está uma beleza, certinha, certinha. Não me incomoda em nada. Ando com facilidade. Não dói a coluna, tenho todos os movimentos dos braços e pernas, os pés e as mãos se acomodaram com ela, creio que agora achei minha cruz preferida. Posso ficar com esta meu Deus ?
Deus respondeu-lhe: claro meu filho, esta aí é mesmo a sua cruz. É a que você deixou encostada na porta quando aqui chegou. Desde seu nascimento, você recebeu a cruz que carregaria pela vida. Não adianta reclamações quanto as acontecimentos advindos de sua existência. Você tem que arcar com eles. Tenha certeza, você dará conta de tudo. Agora vá, pare de reclamar e siga em frente com a cruz que lhe dei, quando de sua vinda ao mundo.
E o cidadão surpreso com tudo que havia acontecido, seguiu em frente dando graças por estar vivo e por ter recebido a lição dada pelo Supremo Criador dos Mundos.
Paulo, nosso amigo narrador da história, comentou: como é difícil as pessoas aceitarem a vida que levam. Sempre acham que existe outras pessoas em melhores condições que a dele. Acham que as coisas se resolvem com reclamações, desabafos, queixas, e outras formas de colocarem para fora seus problemas. A vida do próximo sempre é melhor do que a dele, finalizou então.
Concordamos com o Paulo, gostamos da história narrada por ele, já a tínhamos ouvido anteriormente mas não tão minuciosa quanto a sua narração.
Resolvemos então fazer este relato para os caros Leitores, em nosso Ponto de Vista de hoje, para que façamos uma retrospectiva de nossas vidas, saibamos avaliar tudo o que passamos e que foi reservado para nós, e, que reunamos forças, forças divinas, para enfrentarmos as vissicitudes que a vida nos reserva.
“De Toqueville” dizia que: “A vida não é um prazer nem uma dor, mas sim um encargo grave de que estamos investidos, e, que é preciso terminar com honra”.
Assim sendo caros Leitores, vivamos a vida. Desfrutemos tudo que ela pode nos oferecer. Aproveitemos dela enquanto estamos com saúde, nossos familiares estão bem, nossos amigos nos rodeiam, nosso ambiente de trabalho é sadio.
Saibamos enfrentar tudo que nos é reservado. Com altivez, coragem, bravura. Não nos deixemos abater, pois com nosso abatimento, as pessoas que nos são caras e nos rodeiam, passam a sofrer com as conseqüências. Devemos transmitir a elas, tudo que há de bom.
Lembremos que existe um Ser Superior. Cada um de nós, dentro de sua crença, devemos respeitá-lo, devemos aceitar aquilo que nos é reservado. Sabemos que ao contrário dos momentos agradáveis, existem os desagradáveis, e, estes são perenes. Os alegres, nós esquecemos rapidamente. Os tristes, nos marcam para sempre.
Somente a força nos dada por um Ser Superior, pode nos confortar e nos fortalecer para a vida que nos espera.
Uma histórinha contada por um amigo em nossa juventude, fez-nos refletir hoje para transmitir a vocês um lembrete de Deus.
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
PUBLICADO NO DIA 15/03/2006, NO BLOG www.panoramaaraguari.blogspot.com
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